já têm companhia mais moderna
O som característico do motor refrigerado a ar está fadado a deixar de vez a praça. Apenas cinco Fuscas sobrevivem no tradicional ponto na Usina, outrora dominado pelos besouros. Os carros só circulam pelo bairro incrustado na subida do Alto da Boa Vista, cobrando tarifas camaradas pelos curtos trajetos. Quando muito, vão até a Praça Saens Peña. - Não compensa ir além. O carro é a gasolina e não tem ar-condicionado. Na volta, ninguém faz sinal e venho "batendo banco" até aqui - explica José Antônio Costa, que há 34 anos circula de Fusca pela região. Hoje ele usa um modelo 1996 e reluta trocar de carro. As razões são práticas, não emocionais. - Gosto do Fusca pelo baixo custo de manutenção e pela facilidade para vencer as ladeiras daqui. Se um táxi novo estiver com pneus carecas, não consegue chegar onde eu vou - diz José, apontando para um Gol e um Siena de tração dianteira que já substituíram antigos Volks de motor traseiro no ponto. Além de José, há Paulo Xexeo, Faustão, Quinha e Nelson, que, enquanto puderem, continuarão a rodar com seus Fusca. Caso troquem de carro, terão de optar por modelos de quatro portas, como exige a lei atual. O romantismo dará lugar ao ar-condicionado e a corridas mais longas - além do kit gás, indispensável nos táxis mais novos.
(Texto de Eduardo Sodré, publicado no Globo em 25 Março 2009)
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