segunda-feira, 9 de março de 2009

Hebmüller

A indústria de carrocerias Hebmuller & Filhos foi fundada em 1889 com a construção de carruagens no início do século passado com adaptações de automóveis das marcas: Ford, Hanomag, Opel e Hansa-Lloyd com transformações em modelos conversíveis de dois e quatro lugares.
Após o fim da Segunda Grande Guerra a Volkswagen se recuperou primeiro com a gerência do Exercito Real Inglês e depois foi administrada por Heinz Nordhoff que teve uma visão futura de variações veículos Volkswagen e encomendou já no fim dos anos 40 a dois fabricantes de carrocerias modelos conversíveis. Coube a Karmann da cidade alemã de Osnabruck o projeto de um cabriolet (denominação francesa para o modelo conversível) de quatro lugares e a Hebmuller da cidade de Wuppertal, o projeto de um conversível dois mais dois, ou seja, os bancos traseiros pequenos, inspirados nos modelos fabricados para a Ford, Opel e outros, que eram produtos já adaptados em linha de montagem.
Em maio de 1948 a Volkswagen chegou ao número de produção de 25.000 veículos VW produzidos e era o momento certo de a Hebmuller apresentar os três primeiros protótipos em dezembro daquele ano. Os veículos foram fabricados com chassi de carros ano 1947, sendo dois de cor preta e o terceiro na cor cinza. A aparência ainda era rudimentar, o capô traseiro era inserida duas fileiras de aletas para auxiliar a ventilação do motor e a luz de placa ainda era a do Fusca 1947, a capota quando fechada formava um perfil traseiro muito baixo e deselegante, o quadro do para-brisa ainda não tinha o formato ideal e os reforços do chassi não eram suficientes para manter as portas alinhadas, devido às estradas alemãs estarem mal conservadas após o término da guerra.
Em abril de 1949, com um novo protótipo que rodou 10.000 kilometros para a aprovação em junho daquele ano, já com as devidas correções dos problemas dos três primeiros, ganharam o código VW de produto Type 14A e foram encomendados a princípio 2000 veículos. Estes modelos já possuíam o desenho definitivo da tampa traseira, reforços adicionais de carrocerias e um novo formato de quadro de para-brisa. Os veículos eram vendidos em concessionárias da marca VW a um custo inicial de DM7500. Devido à similaridade do capô traseiro com o dianteiro, dizia-se que não poderia saber se o veículo estava indo ou vindo!
Três cores básicas eram oferecidas: preta, branca e vermelha e também eram feitas opcionalmente combinações de cores estilo "saia e blusa" nos padrões: preto e vermelho; preto e amarelo ou vermelho e marfim, mas outras cores eram permitidas sob encomenda prévia.
Mas uma grande tragédia estava para acontecer: por volta das 14:00 horas do sábado dia 23 de julho de 1949, iniciou-se um incêndio na área de pintura que avançou para a linha de produção destruindo veículos e maquinários. Seria um acidente ou sabotagem? A resposta nunca saberemos...Com isto a produção foi paralisada por quatro semanas e iniciada aos poucos até que em maio de 1952, a Karmannn assumiu a produção com a transferência dos conversíveis Hebmuller para a sua empresa.
O último Hebmuller foi produzido em fevereiro de 1953 com a produção total de 696 veículos, embora haja veículos com o numero de carroceria 1400 705, 1400 710 e 1400 735 e a Hebmuller registre o total de 750 veículos, isto deixa margens de dúvidas quanto ao numero correto.
O que se pode afirmar que não mais de 100 VW Hebmullers sobreviveram e se tornaram verdadeiras obras de arte automobilísticas, sendo colecionados em vários países da Europa e exportados para os Estados Unidos e Japão atingindo preços elevados, vendidos a peso de ouro. Tornou-se o veículo mais belo dos exemplares de Volkswagen, e mesmo este veículo tem um derivação mais rara dos raros: "the rarest-of-rare”, que seria a cereja do bolo com um só modelo fabricado e denominado: Hebmuller coupê, que merece um história contada a parte!
As fotos de época mostram o protótipo e os primeiros Hebmuller. As outras fotos mostram a fabricação do modelo e também o reforço de carroceria necessário para evitar a torção e deformação das portas. As fotos das primeiras reuniões do clube Hebmuller Registre em San Diego Califórnia na década de 80 e um modelo Hebmuller original com lateral amarela que está na Inglaterra são do meu arquivo pessoal. Dario Faria
Os primeiros protótipos de 1948.
A produção total ano por ano.
Dentro da indústria Hebmüller...
... e o reforço estrutural na carroceria.
A caminho da linha de montagem, com o chassis rolando.
Finalização da linha de montagem.
O pátio da indústria.
Um Heb 1949 na oficina, em foto mais recente.
Em uma exposição exclusiva de Hebmüller.
O Heb na Inglaterra.
O Heb Club.
A plaqueta de identificação.
E um "pedal-car" de fabricação Hebmüller. No detalhe o Mini-Heb fixado na traseira de um veículo Hebmüller.

2 comentários:

Luby disse...

Houvi dizer que a fabrica pegou fogo e destruiu o maquinario todo motivo pelo qual pararam de fabrica-los, é isto mesmo...
abs

Christian Steagall-Condé disse...

Na verdade, os Bombardeiros Ingleses LANCASTER, fizeram um serviço pela metade sobre a fábrica da VW e em toda a região industrial, que foi intensamente castigada, alvo constante das milhares de bombas de contato de 14Kg e as super-bombas de quase 1 tonelada.

Quis o destino que uma bomba falhada mantesse a estrutura em condições de ser re-organizada, que aliás, foi feito, sob supervisdão dos próprios ingleses, quando a IIa. GM terminou.

O Herbmuller não teria futuro na planta da fábrica, pois os planos de re-construção da Alemanha demandavam unidades veiculares com extrema urgencia e necessidade.

Não fosse a Guerra, o Fusca teria tido um fim bastante discreto, como aconteceu com 99% dos carros concebidos pela humanidade pós-industrial.